terça-feira, 12 de setembro de 2017

Texto do Sol sobre Bruno de Carvalho

Recentemente, Carlos Janela, sob o pseudónimo de "Vítor Rainho", redigiu o seguinte texto:

http://sol.sapo.pt/artigo/579818/figura-da-semana-bruno-de-carvalho-um-piromano-que-gosta-de-deitar-fumo-para-os-olhos-dos-outros


A versão TL;DR do texto é "o Bruno de Carvalho é uma porcaria, e estragou o futebol para toda a gente".


Devo dizer que gostei imenso do texto.

Gostei, porque tento manter-me consciente de que não sei tudo, e porque estou aberto a novas maneiras de pensar. Aprecio, portanto, ler ou escutar ideias diferentes das minhas, de modo a poder observar o reverso da moeda e, assim, questionar-me a mim mesmo, permitindo-me aguçar os meus pontos de vista, e formar novos juízos.
Acontece que li este texto num Domingo em que estava preguiçoso, e não me apetecia nada ter que reformular conceitos.
Este texto foi, consequentemente, um descanso nesse aspecto; pude reforçar as minhas crenças já existentes, e ainda me refastelei no sofá, seguro com a noção de que não estou do lado de um pacóvio como o que escreveu o texto.

Vamos, então, ao texto em si:



O populismo tem limites e Bruno de Carvalho desconhece-os por completo. Ameaçar comentadores que lhes dá pontapés no rabo e que os fará chorar está ao melhor nível do maior arruaceiro das claques. Para o líder leonino tudo serve para dar espetáculo e é bom que se mantenha por muitos anos no cargo, pois as suas semelhanças com outro justiceiro que passou pelo mundo da bola, mas do outro lado da Segunda Circular, são cada vez mais evidentes. E sabemos como acabou...
Podem não ter entendido, face à densa subtileza atrás da qual o autor astuciosamente esconde a sua refinada ironia, mas ele está a equiparar Bruno de Carvalho a Vale e Azevedo.
Vai até mais longe, dizendo que a sua homogenia é "cada vez mais evidente", o que quer dizer que, não só é evidente, como também já era evidente antes...só que agora é ainda mais.
Aqui senti-me estúpido. Não consigo ver algo que já era evidente, e que agora passou a sê-lo ainda mais! Felizmente, Vítor Rainho, como qualquer cronista expedito, justifica o que diz;
Vítor Rainho diz que Bruno de Carvalho é evidentemente idêntico a Vale e Azevedo porque "dá espetáculo". E porque ameaçou dar pontapés no rabo de comentadores.
Não estou certo acerca da exactidão dos factos apurados pelo cronista.
Não esperava uma listagem científica da sua argumentação, concedendo até, alguma liberdade criativa na forma como se refere aos mesmos, para os enfatizar, qual hábil autor.
Mas isto não é nada aquilo pelo qual o Vale e Azevedo era conhecido.
Vale e Azevedo é conhecido e lembrado por ser um dos 3 dirigentes mais corruptos e mais mentirosos do Benfica nos últimos 20 anos.
Vale e Azevedo é lembrado devido a casos em que não pagava pelos jogadores, como quando o Man Utd veio reclamar que o cheque utilizado para pagar Poborsky era careca, ou, utilizando um exemplo mais recente, quando o Vasteras se queixou de não pagarem o Lindeloff.
Ou por se ter desvinculado deliberadamente de JVP, sem ter salvaguardado uma eventual ida para um rival, um bocado, utilizando um exemplo recente, como foi feito com JJ recentemente.

O texto prossegue:



Tudo não passaria de um problema do Sporting e dos seus adeptos se Bruno de Carvalho não fosse um péssimo exemplo para aqueles que o veem ou ouvem. Os constantes apelos à violência, mais ou menos camuflados, não auguram nada de bom. Num mundo, o do futebol, onde as emoções se sobrepõem à razão, Bruno é um verdadeiro pirómano.
Portanto, a menos que a tese seja que o futebol português sempre fora um covil de paz e prosperidade e que a chegada de Bruno de Carvalho tenha mudado isso tudo, não se entende bem onde o autor quererá chegar, nem tão pouco a que raio é que será que se refere.
Até porque nunca justifica esta afirmação com apelos à violência mais camuflados, nem menos camuflados.
Já por várias vezes li que devemos justificar o que escrevemos, principalmente quando se tratam de acusações graves.
Por exemplo, se quiséssemos  justificar que os dirigentes incentivam à violência entre os adeptos, poderíamos utilizar o exemplo recente de quando LFV invocou a existência de um recolher obrigatório qualquer ao qual todos estávamos alheios, para legitimar o acto daquele adepto que atropelou outro várias vezes até este falecer. Assim já sabíamos onde é que o autor se encontrava em termos de raciocínio.

Desde que chegou à liderança do clube, conseguiu, é bom que se diga, entrar no campeonato dos grandes, leia-se Benfica e FC Porto, e a contratação de Jorge Jesus para treinador do clube foi uma jogada de mestre. Bruno de Carvalho mexeu com o emblema de Alvalade e a equipa, regra geral, tem lutado por vitórias. Tirando esse facto, quase tudo tem sido uma pequena desgraça. 
Aqui um bem haja ao autor por me ter feito recordar o célebre "Fora a irrigação, o sanaeamento, o vinho, as estradas, a educação, a saúde, a ordem pública e a paz, o que é que os romanos alguma vez fizeram por nós?" dos Monty Python.

Despede pessoas que depois enxovalha na praça pública, goza com os seus jogadores e entra constantemente em conflito com Jorge Jesus, o homem que lhe poderá dar algumas alegrias. Não é por acaso que alguns jogadores, segundo o que se escreveu, estiveram quase a chegar a vias de facto com o presidente do clube.
Estes são os exemplos que apresenta para justificar o que acabara de dizer.
Que pessoas são essas que enxovalha? Apenas me vem à cabeça Octávio que, como seria expectável, foi quem tomou iniciativa de insultar Ad-Hominem o presidente do Sporting.
Prossegue dizendo que "entra constantemente em conflito com Jorge Jesus". Espera lá! Isto é uma bomba! Eu não sabia disso! Porque não optou ele por escrever um texto a denunciar os tais "constantes conflitos" entre os dois? Isto é algo que, como sócio do clube, gostaria de saber. Parece-me uma informação mais relevante do que tudo o que estava a ser dito até ao momento, ainda para mais algo inédito ao público.
Mas o autor volta a não justificar o que diz, deixando apenas a informação necessária para levar com um [citation needed], caso estivesse no Wikipedia.

o presidente do clube leonino tem tanto sentido de responsabilidade como um elefante numa loja de porcelana.
Como tenho dito ou dado a entender ao longo deste post, factores que considero que determinam a qualidade de uma crónica - principalmente com a responsabilidade de ser uma crónica para um jornal com uma tiragem considerável, certamente com remuneração - são a validação do que se diz (o autor raramente, se alguma vez, justifica o que diz), e a pesquisa feita - Vítor Rainho dá a entender que viu o vídeode Bruno de Carvalho a simular expelir vapor para a câmara, não viu absolutamente mais nada de toda essa entrevista, e escreveu o texto de uma assentada, sem sequer ter aberto uma aba com o google no seu browser...antes de almoçar.
Tudo isto determina a qualidade da escrita, quanto a mim mais do que gramática, sintaxe, semântica, figuras de estilo, ou sinónimos floreados.

Mas...o que é isto?

"tanto sentido de responsabilidade como um elefante numa loja de porcelana"?
A sério, Vítor?
Um elefante numa loja de porcelana não tem sentido de responsabilidade, Vítor?
Porquê, Vítor?
Estás a sugerir que um elefante numa loja de porcelana passa à frente da fila para pagar, Vítor?
Ou que sai da loja sem pagar, Vítor?
Não está na altura de voltares a ler um livro, Vítor?
Para ver se ficas a conhecer mais do que uma expressão idiomática, e não correres o risco de teres de a utilizar totalmente fora de contesto, Vítor?

Isto é uma expressão conhecida que por vezes terá uma variação ou outra (como "um elefante de patins", ou "um rinoceronte"), que significa que alguém num meio frágil terá uma tendência de destruir tudo o que o rodeia inadvertidamente, geralmente devido a fraca coordenação motora, ou temperamento volátil. É suposto, também, dar-se um tom irónico à coisa.

Por exemplo (toma nota, Vítor): "Bruno de Carvalho aborda a comunicação com a delicadeza de um elefante numa loja de porcelana". Estão a ver? Dá-se a entender que Bruno de Carvalho não é nada delicado, porque quando pensamos num elefante numa loja de porcelana, pensamos num elefante a destruir tudo cada vez que se mexe. Porque um elefante é um animal de porte colossal, as porcelanas são frágeis e as suas lojas costumam ser repletas, amontoando várias porcelanas, havendo pouco espaço para manobrar.
Percebes, Vítor? Não tem nada a ver com - e acho insólito que seja preciso estar a enfatizar isto - sentido de responsabilidade. Nem entendo onde foste buscar isso!
Mas, ainda assim seria insuficiente, porque até pode dar a entender que estavas a dizer que Bruno de Carvalho era desajeitado.
Portanto, talvez melhor ainda fosse teres dito "A forma de comunicar de Bruno de Azevedo faz lembrar um touro/rinoceronte numa loja de porcelana".
Ainda melhor. Porque tanto o rinoceronte, como o touro, para além de possuírem enorme corpulência e um potencial destrutivo no ambiente em questão, têm a fama de terem comportamentos instáveis. Ou seja, destruíam a loja de porcelana por serem inerentemente destrutivos, e não por - e nunca é demais enfatizá-lo - terem algum tipo de sentido de responsabilidade numa loja de porcelana. E repara como me referi ao homem como "Bruno de Azevedo". Porque assim estás a compará-lo ainda mais a Vale e Azevedo, com o bónus de, desta vez, ao contrário de quando tu o fizeste, estares a usar um termo que é, realmente, verdadeiro, visto que o presidente do Sporting se chama, efectivamente, Azevedo.

Resumindo e concluindo, Vítor Rainho sabe tanto sobre a realidade política desportiva (e sobre usar expressões idiomáticas) como um elefante numa loja de porcelana.

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